quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Não, isso não acaba por aqui.

 

Porque a necessidade de uma casa nova jamais vai impedir visitas ao espaço que foi meu lar durante uma fase tão importante. E porque eu tenho enormes dificuldades em dizer adeus. Então… Até logo.

 

E se você veio aqui e não está entendendo nada do que eu estou dizendo, well: talvez você deva clicar aqui.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Segunda Pessoa – A última obviedade do ano (não que eu esteja subestimando a capacidade de 2011 nos surpreender no seu último dia)

 

Ao fim do ano passado, você optou por seguir um caminho diferente do que andava sendo planejado havia dois anos. Por um semestre, você viveu sua fase mais intensa da relação de amor e ódio que você e sua vocação estabeleceram. Você voltou para casa rindo e falando alto o quanto tudo aquilo era sensacional por quase a mesma quantidade de vezes que você voltou soluçando no banco de trás do carro pedindo para nunca mais voltar àquele lugar. Você amou, odiou, criou e copiou. Você teve a companhia de pessoas com quem sempre quis conversar e se viu tendo essa aproximação na hora certa. Vocês se deram bem. E aquelas pessoas tornaram especialmente as quintas-feiras muito, muito mais aturáveis.

Até que você teve que ir embora, sem ao menos se despedir propriamente. Você deixou para trás pessoas incríveis, a área que ocupa o seu coração e muitas, muitas recordações que andavam te machucando mais do que você já andava conseguindo aguentar. Então doeu, mas também foi como se um peso enorme houvesse saído das suas costas. Você fechou os olhos e soltou o ar que nem ao menos sabia que estava segurando. E então você chorou. De alívio, de agonia, de saudade e de antecipação.

No momento em que você não fazia ideia sobre para qual direção dar o primeiro passo, o Universo te fez olhar para a porta ao lado da sua. E então você ganhou um propósito, junto com uma nova família e a oportunidade de descobrir que luvas de procedimento não impedem que o cheiro do alho permaneça na sua mão por uma semana inteira, sem importar o quanto você tente se livrar disso com barras de sabonete e esponjas vegetais. O mais surpreende de tudo isso? Você se viu sentindo prazer de cheirar a alho, por mais que você ainda deteste que usem isso para temperar a sua comida.

Ao começo do segundo semestre, quando você já tinha esse novo propósito, mas ainda se via bastante perdida, o chão resolveu dar uma volta por aí e saiu debaixo dos seus pés. Você teve de viajar para o lugar que você mais ama nesse mundo, mas para ver uma das pessoas mais importantes da sua vida em uma situação muito delicada. Você chorou pouco, porque não era hora para isso, mas também nunca pensou no quanto o mundo estava sendo injusto. Por que justo ela? Por que não você? Você saberia lidar com isso, já estava acostumada! Só depois, quando tudo estava mais calmo, você soube analisar adequadamente a situação e perceber que, sim, tudo sempre tem a sua razão de ser. E com esse acontecido não era diferente. Você se sentiu cansada, desgastada e indescritivelmente adulta. Além de ter recriado um laço forte com pessoas especiais e que carregam o mesmo sobrenome que você.

E então, no meio de todo o caos, com todo mundo ainda tentando colocar a própria máscara de oxigênio antes de ajudar um ao outro, seu avô precisou dizer até logo. Você se despediu dele sem saber que estava se despedindo e você deve continuar agradecendo muito por isso. Você mostrou para ele o quanto havia crescido desde a última vez que vocês haviam se visto. Mostrou que agora tinha uma voz, um sorriso e um corte de cabelo diferente. E você sentiu que ele gostou do que estava vendo.

Foi um semestre complicado. Viagens, mudanças de planos, verdades difíceis. Até que chegou dezembro. Seu time foi campeão brasileiro de futebol, os dias estavam indo bem, você sorria com frequencia, agradecia com frequencia. E você fez sua primeira viagem internacional.

Estar mais perto do que 300km de distância da pessoa mais geneticamente parecida com você já foi um grande incentivo para passar pelo final de um ano desgastante. Viajar com ela, então, foi um presente mais do que merecido para as duas. Conhecer um lugar novo, lidar com uma língua diferente (mesmo que bastante parecida) da sua, explorar, vivenciar, registrar. Foi lindo. Não existe definição melhor. E se mesmo depois de ter passado muitas vezes pelas exatas quatrocentos e noventa fotos você ainda se sente arrepiada com as lembranças, certamente não deixará de se abalar com elas nunca. E isso é bom. Muito bom.

Foi um ano complicado. Você se entristeceu muito. Com os outros e consigo mesma. Se viu de frente aos seus maiores defeitos, seus maiores pontos fracos. Se viu cometendo erros primários que já havia cometido pouco tempo atrás. Você se magoou, se revoltou, se rebelou. Raspou o cabelo. Largou mão. Percebeu que, não, você não vai conseguir agradar a todos e que, não, não há problema nenhum nisso. Você se viu humana, capaz de errar, de se equivocar. E, principalmente, de reconhecer que nem tudo são erros e equívocos.

Você, por fim, passou a enxergar sua própria capacidade de acertar. De escolher o melhor caminho, de tomar a decisão certa, de admitir que os outros também podem ter uma parcela do erro. Você parou de se julgar tanto. E isso fez com que a sua percepção dos seus próprios erros se aguçasse ainda mais. Separar o joio do trigo provavelmente é a melhor definição para esse aprendizado.

Foi um ano complicado. E por isso mesmo você se viu podendo contar com mais pessoas do que imaginava. Seu círculo se ampliou, sua vida ganhou mais graça. Ter pessoas perto, mesmo que não fisicamente, é importante para qualquer um, e você se percebeu cercada de pessoas incríveis, que te ensinaram muitas coisas durante o ano. Algumas podem ser facilmente encaixadas no título de "meus melhores presentes do ano", ao mesmo tempo que as que estão com você há mais tempo só se fizeram ainda mais especiais. Você cresceu com elas, riu com elas, chorou com elas, abraçou entre asteriscos e trocou centenas de milhares de caracteres via telefone celular.

Você disse bom dia. Eu te amo. Obrigada por existir. Por me aturar. Por ter paciência. Por me deixar fazer parte. Por me fazer crescer. Boa noite. Até amanhã. Sonha com os anjos e amanhã me diz como eu fico de asas.

Você aprendeu a resgatar sua fé. Leu em voz alta, disse "assim seja", rezou pela Paz Mundial e se emocionou. Ainda não é uma etapa concluída, porque esse é um aprendizado constante, mas você tem certeza de que está finalmente no caminho certo nesse sentido.

Você teve um ano difícil. Você chorou mais do que esperava, se decepcionou mais do que esperava. Consequentemente, você cresceu muito, muito mais do que esperava. 2011 demandou força. E você aguentou o tranco.

Agora você se sente muito mais pronta para o ano que vem do que se sentia ao final de 2010. Novos planos, novas metas e, principalmente, um punhado de espaço em branco para ser preenchido pelas surpresas. Porque se for para apontar uma única coisa que você aprendeu em 2011 foi que dar espaço para o inesperado pode ser muito mais legal do que você sempre imaginou.

 

**”Caruso”, Lucio Dalla. Feliz ano novo :)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Isso não é Rock

 

Então quer dizer que a bonitona subiu no palco, xingou o cara que levantou a foto do marido dela, pagou peitinho e saiu revoltada mediante um coro de "Foo Fighters"?  Interessante. Mas, espera, deu tempo de cantar no meio disso tudo?

O final do parágrafo acima me daria a brecha perfeita para anexar uma foto que representasse assunto do post e, em seguida dela, continuar com o texto, fazendo uso inteligente de todos os artigos que eu já li sobre como construir uma postagem visualmente atraente para internet. Exceto que, me desculpem, eu tenho respeito pelo estômago dos meus leitores (e pelo meu próprio) e, não, eu não sou imparcial a ponto de conseguir encostar numa foto dela, mesmo que virtualmente (me ensinaram na faculdade de Comunicação que imparcialidade absoluta é utopia, logo, estou fazendo uso do meu direito à parcialidade e me poupando do desgosto de deparar com aquela imagem deplorável novamente).

Quero deixar claro que essa postagem é inteira fundamentada em artigos e resenhas que li sobre o show, porque eu não estava fisicamente presente no festival e falhei miseravelmente na minha tentativa de assistir à apresentação via stream - estava com minha mãe e minha avó na sala e tenho a elas respeito ainda maior do que o pelo meu próprio estômago, logo, após quinze segundos de tentativa eu me senti obrigada a abortar a missão por completa incapacidade de tolerar tamanha afronta ao bom e velho rock'n'roll. E antes que alguém venha me dizer "então você não tem direito de falar nada", eu esclareço: tenho, porque além de estar me baseando em falas e fatos da própria artista (chequei em mais de um portal, para ter certeza de que as falas haviam sido aquelas mesmo, bem como assisti a um vídeo curto captado durante a apresentação), esse blog é escrito por mim, então eu tenho direito a falar o que eu entender por bem - mesmo que uma série de motivos maiores, tais como ética e moral, me inspirem a pensar duas ou três vezes antes de publicar alguma coisa por aqui.

Esclarecimentos feitos, vamos ao que interessa.

Eu sou uma grande apreciadora de música e, dentro desse contexto, desde pequena tenho o rock'n'roll como "especialização". Ou seja, é o que eu mais escuto, o que mais me agrada e o que eu mais busco saber sobre. Tendo isso em vista, me incomoda muito a restrição do rock'n'roll como simples incentivador de baderna e costumes duvidosos (como, pelo que estou me lembrando agora, eu já comentei em algum texto lá atrás).

No meu modo de ver, o rock'n'roll é mais do que música, é mais do que desordem, é mais do que roupa preta ou brincos pendurados pelo corpo. No meu modo de ver, o rock'n'roll é uma das maiores e mais expressivas formas de arte já praticadas pelo ser humano. É expressão quando tudo parece inexpressável. É descontentamento? Sim. Mas também é contentamento. Também é entusiasmo. Também é positivo.

O rock'n'roll tem sentido até quando parece não fazer sentido nenhum. E isso, além de ser a melhor, talvez também seja a pior coisa sobre ele. Porque é o que dá margem para atitudes como a que pudemos ver no show da sra. Courtney Love e a sua banda Hole. Será que alguém pode contar pra ela que pagar de Yoko Ono e sair criticando ex parceiro de banda do marido falecido não é uma coisa que a faz mais rockeira, mais talentosa ou mais artista? Ou será que já contaram e ela só resolveu ignorar?

"Vocês podem até gostar de Foo Fighters, mas não goste perto de mim". Porque o  Foo Fighters é uma banda criada por um cara que resolveu seguir sendo um músico de verdade e de respeito ao invés de viver à sombra do vocalista falecido de uma das maiores bandas da história do rock. Ah! Sem mencionar que, além disso, o Foo Fighters também é uma das bandas mais elogiadas pelas suas performances ao vivo. Ah, ah! E eles entoam coros em homenagem ao Kurt Cobain, ao invés de xilicarem mediante uma mera foto do vocalista do Nirvana. Sucesso e superioridade são coisas que incomodam o ser humano e isso não seria diferente com a sra. Love.

A verdade é que eu me senti no meio de uma linha muito tênue entre euforia e depressão à medida que me informava dos fatos e entendia o que aconteceu durante a apresentação. Era euforia por ver que minha capacidade de não gostar das coisas certas é tão afiada quanto a minha capacidade de gostar das certas (sou muito fã de Foo Fighters) e depressão por ver aquele show de horrores sendo caracterizado como rock'n'roll.

"Mas ela teve a plateia na mão por muito tempo durante o show". Teve. E fazia questão de esfriar o clima com os seus discursos vazios. "Mas ela sempre foi assim". Pois é, mas o argumento de rebeldia juvenil não existe mais. Os tempos são outros e ela também deveria ser outra - não, pelo amor dos deuses do rock, eu não estou dizendo que ela deveria estar sentada numa poltrona fazendo crochê só porque tem quase cinquenta anos. Não é isso. "Mas isso é rock". Não é.

Courtney Love preferiu levantar a blusa e cantar Lady Gaga, berrando por atenção e palmas, ao invés de subir no palco e fazer um show de qualidade, que surpreendesse positivamente público e mídia. Talento para isso ela tem. Ou, pelo menos, tinha.

Mas, fazer o quê? Em tempos de jovens fazendo greve por não poderem fumar  maconha em uma instituição de ensino, nada mais adequado do que o rock'n'roll ser restringido a estrelismo e peito pra fora.

O que me consola é saber que os que concordam comigo ainda são a maioria.

 

**Esse foi em completo e não intencional silêncio.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Você

 

Você, como todo ser humano, mudou bastante conforme o passar dos anos. Houve um tempo onde você só se preocupava se teria sensibilidade o suficiente para reconhecer o seu príncipe encantado quando ele aparecesse na sua frente. Também passava bastante tempo pensando no nome das suas duas filhas e deliberando se era melhor que o terceiro fosse um menino ou mais uma menina. Califórnia ou Hawaii? Trabalhar fora ou cuidar da casa?

Até que um dia você começou a se questionar se essa vida de esposa e filhos funcionaria mesmo pra você.

Os filhos foram cortados da lista e o príncipe encantado também. A partir dali você só se sentia atraída por aqueles tipos completamente opostos às características que compõem os príncipes encantados. Cavalos brancos nunca foram muito a sua praia, de qualquer modo, então estava tudo bem.

Depois de mais alguns passos, você se viu preferindo uma vida por si só.

Relacionamentos casuais, vida num loft, trabalhar fora, cuidar do próprio nariz. Sem satisfações a ninguém, sem pedir ajuda ou precisar aturar um diálogo forçado ao fim de um dia desgastante de trabalho (a essa altura, você já sabia o que seria quando crescesse. Mas isso você sempre soube).

Até que você se apaixonou pela primeira vez após o início dessa nova fase.

Você já havia se apaixonado antes. Mas era diferente. Eram paixões que te faziam planejar, supor, produzir imagens mentais sobre o seu futuro com o dono do seu coração.

Dessa vez não.
Dessa vez a ideia te assustava.
Ou, pra ser bem franca, essa ideia te apavorava mais do que você conseguia suportar.

Você fugiu, se escondeu, se reprimiu. Mas você era só uma adolescente, ora. É claro que você não conseguiria simplesmente ignorar tudo aquilo que estava acontecendo. Os planos voltaram, o desejo de se casar, de dividir, de ter um cobertor de orelhas e duas escovas de dentes em cima da pia. Toda essa coisa de casal.

Até que não deu certo. Suas idealizações de vida sozinha eram atraentes demais, você não conseguia se ver jogando tudo aquilo no lixo!

Paixonites chegaram e foram embora, assim como amigos, dinheiro e lembranças. Tudo parecia cada vez mais acelerado, intenso e confuso e complicado e diferente. As coisas passavam e você se sentia pronta pra deixá-las irem embora quando fosse o tempo delas. Isso te assustava.

E então você percebeu que isso era crescer.
Você se viu crescendo. Se viu crescida.

Muitos sonhos foram substituídos por planos menores e mais racionais. Alguns te criticam por isso até hoje, mas você acredita que esse é o jeito que funciona pra você, então está tudo bem.

Você se viu mudando de garota loirinha vestindo rosa para garota de cabelo raspado e orelhas furadas (bastante furadas, pra dizer bem a verdade). Você se encontrou em vertentes muito desaprovadas para o senso comum. Mas a sensação de se encontrar é tão, tão boa que, honestamente, você deixou de se importar com o senso comum (até porque, seus estudos te fizeram aprender os malefícios desse tal de senso comum).

Você se viu diferente.
Você se viu, finalmente, você.

E acabou percebendo que estava tudo bem em se apaixonar, usar rosa de vez em quando ou abrir mão de algumas coisas em benefício da sua convivência com as pessoas de quem você gosta (e até das que você não gosta. Conviver é importante, é inevitável, então não há motivo para evitar que a convivência seja a mais saudável possível).

Você notou que ser você mesma é importante.
Que pensar é importante.
Que estudar é importante.
Que analisar é importante.
Que se relacionar é importante.
Que sorrir e que chorar também.

Mas você ainda não aprendeu que falar faz parte do processo de se fazer entender. Se esconder atrás do velho "tenho duas orelhas e uma boca para ouvir mais e falar menos" é fácil. Mas você precisa entender que tem uma boca, não nenhuma.

Se fazer entender é importante.
Se expressar também.

E você precisa entender que usar a primeira pessoa ao invés da segunda ou da terceira não é tão difícil assim.
Não dói.

Mas não se preocupe.
Você demorou cerca de dezoito anos para tirar o canudo do copo de leite e certamente demorará mais do que vinte e um para abandonar o cachorro de pelúcia na hora de dormir.

Tudo tem o seu tempo.

Está tudo bem.

 

**Richard Ashcroft, “Break the Night with Colour”. Sem motivo algum, porque assim também é legal.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Matemática

 

Sorrir é aquela coisa que a gente faz quando está feliz.
Sorrir é aquele movimento de lábios, misturado com bochechas mais salientes e olhos talvez um pouco mais brilhantes.
Sorrir também pode ser a máscara da dor, da tristeza ou da mais pura irritação.
Sorrir nem sempre é um ato sincero ou automático.
Às vezes é forçado, doído, machuca.
Mas nem sempre.
Sorrir pode ser espontâneo, de verdade, por inteiro. Como se o corpo todo sorrisse junto com os seus lábios.

Um sorriso pode salvar o seu dia.
Especialmente se ele despertar o sorriso de outra pessoa junto.

Aqui entre nós, uma coisa que me faz sorrir é fechar a tampa do meu computador vermelho (eu batizei-o de Slash, mas o nome infelizmente não pegou) após redigir e publicar um texto. Se eu o tiver considerado um bom texto, então! O sorriso dura até que eu adormeça e volta logo no despertar, quando eu me lembro o que me fez sorrir antes de pegar no sono.

Escrever nem sempre me faz sorrir, porém. Talvez seja o perfeccionismo, a tensão ou o simples fato de eu estar concentrada demais para fazer algo além de bater meus dedos contra as teclas.
Escrever me traz alívio, mas eu ainda reluto um pouco quanto a dizer que é minha  essência. Talvez seja orgulhosa demais para dar o braço a torcer e admitir que todos estão certos quanto a esse aspecto sobre mim (você também se irritaria mediante o fato de outras pessoas saberem mais sobre você do que você mesmo). Ou talvez eu só ache que tenho mais a oferecer do que essas linhas meio vagas.

Mas isso de achar que eu tenho algo melhor a oferecer também pode só ser uma pitada (ou uma colher de chá) de prepotência de minha parte.

O fato é que, usando matemática básica e aplicando a regra de três: se deixar de escrever está para se desesperar, o x da equação está para sorrir. Sendo a regra de três a única coisa em matemática que eu consigo fazer sem entrar em pânico ou precisar de uma calculadora, consegui resolver a operação antes mesmo de terminar de redigir este parágrafo (com palavras ao invés de números tudo fica tão, tão mais fácil...).

Deixar de escrever está para se desesperar assim como escrever está para sorrir.
Oh. Talvez isso explique muita coisa...  

Escrever é bom, no fim das contas.
Sorrir é ótimo.
Talvez, então, eu só precise fazer ambos com mais frequência.

 

** Lenny Kravitz, “I’ll be Waiting”. Da série: Como se inspirar absolutamente DO NADA durante um bloqueio de semanas escutando uma música que nada tem a ver com o tema do texto.

 

domingo, 18 de setembro de 2011

Precisar

 

“Ele precisava de uma certeza. Na verdade, não de uma certeza, mas de a certeza. Era uma necessidade tão forte, tão intensa, tão latente, que o impedia de permanecer parado em uma posição por mais do que dez segundos. Pensando bem, ele já tinha a certeza. Agora ele só precisava confiar nela.


Eram tantas lembranças, palavras soltas e verdades sufocadas voando sobre si que se recusava a acreditar que aquilo tudo era apenas uma ilusão de ótica. Se recusava acreditar que aquilo que via era um teto branco, não um céu cheio de ideias.

Ele precisava saber. Na verdade, ele já sabia. Só lhe era difícil assimilar aquele dilúvio de informações. E, mesmo tendo a consciência de que já sabia, continuava sentindo a necessidade de saber. Pensando bem, já não sabia direito o que estava tanto querendo saber. Mas, ainda sim, precisava.

Confuso, complicado, esquisito. Se encontrava num ciclo vicioso entre dúvida e certeza, que chegava a sentir tontura. Era como um labirinto: Difícil de chegar até o centro, mais difícil ainda de se orientar de volta para sair. Era como um poço, um túnel, ou qualquer outro lugar assustadoramente escuro e sufocante para alguém tão claustrofóbico como ele.

Ele precisava sentir. Que aquilo era real. Ou que estava na hora de dar o próximo passo. Ou só que aquele cobertor fino era o suficiente para lhe manter aquecido naquele noite fria. Precisava sentir. Alguma coisa, qualquer coisa. E ainda não sabia ao certo o quê.

A música que tocava baixo nos seus fones de ouvido o fazia, vez ou outra, fechar os olhos e suspirar pesado. Rolar na cama, respirar, colocar o travesseiro por cima da cabeça. Qualquer coisa que fizesse com que seus batimentos cardíacos se aquietassem de uma vez por todas.

 

Precisava saber, sentir, tocar, dizer. Querer, poder.
Alguma coisa.
Qualquer coisa.

Ele precisava dormir.
Ele definitivamente precisava dormir.”

 

**Jem, “Flying High”. Da série: Textos escritos em vinte minutos que eu não faço ideia se ficaram bons ou ruins e preciso de opiniões.

sábado, 20 de agosto de 2011

Ramificações pt. II

 

A necessidade de se expressar se fazia tão latente que ela já não conseguia mais simplesmente ignorar e esperar por uma inspiração maior.

Ali, naquele quarto diferente, com aquele ar que fazia tão bem a sua alma, encontrou o momento perfeito. No meio de uma tempestade daquele tamanho encontrou a paz que precisava tanto e não conseguia encontrar em lugar algum. Ao mesmo tempo que se sentia assustada por todas as coisas preocupantes que andavam acontecendo, também se sentia feliz. 

O sorriso inevitavelmente aparecia para brincar em seu rosto ao passo que ganhava provas e mais provas, tão nítidas, de que andava tomando muitos caminhos certos. Era bom se sentir acertando entre todo aquele bocado de erros.

E era engraçado pensar em como tudo, sempre sempre, acabava caindo para as mesmas reflexões sobre contradição. Sua vida, suas histórias e seus sentimentos se mostravam, cada vez mais, grandes contradições. Chegava a se perguntar se esse era apenas um privilégio (?) seu ou se, no fim das contas, todos passavam pelo mesmo.

A verdade é que havia tanta coisa acontecendo que, se parasse para pensar melhor, sentia medo de colocar tudo para fora e perceber o tamanho real da bagunça. Como um armário que não é arrumado há tempos. O crescimento da bagunça é diretamente proporcional ao medo de arruma-la.

Também sentia um pouco (um pouco?) de medo de perceber que andara reclamando de barriga cheia. De notar que andara tendo coisas que sempre almejou e, agora que as possuía, não estava dando tanto valor. Aliás, sequer tinha notado que as tinha na mão agora.

Buscara inspiração em textos antigos e se deparara com um sobre ramificações, contradições e sentimentos novos. Com isso, percebera que o sentimento novo que estava sentindo naquele momento não era tão novo assim. Quer dizer, era sim, porque depois de toda essa confusão de pensamentos, finalmente constatara que todos os sentimentos sempre serão novos. Comparações nunca seriam válidas. Porque são todos diferentes uns dos outros.

Então, como no fim de uma faxina adiada por semanas, sentia-se mais limpa, organizada, com as coisas no lugar. Mesmo que ainda percebesse a poeira nos cantos dos móveis e muito da bagunça empurrada para baixo do tapete. Aquilo não incomodaria se permanecesse ali, quieto, sem ser mexido. Ainda não era hora para algo mais minucioso. E talvez essa tal hora nunca chegaria. E, honestamente, não se importava muito com isso (ou, pelo menos, sabia se enganar a ponto de acreditar nisso).

Tanta, tanta coisa havia mudado... Tudo havia mudado. Exceto a sua completa inabilidade de se expressar em primeira pessoa. E isso dizia tanto sobre si que até a deixava um pouco (um pouco?) assustada.


**"I Fall For You", Sébastian Lefebvre. A mesma trilha da parte I.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Irrelevância absoluta

 

Meu deus do céu, como o ser humano faz merda.

Eu lembro de ouvir um músico dizendo "eu sou uma pessoa que faz muita merda. Às vezes eu me olho no espelho e me pergunto como é que pode uma pessoa fazer tanta merda!". Lembro também de ter me identificado com isso na hora.

Pensando agora, assim por alto, eu consigo contar pelo menos meia dúzia de merdas que eu estou  fazendo nesse exato momento (escrevendo algo sem sentido sobre um assunto interessante, que poderia ter sido desenvolvido melhor ao invés de só despejado assim; escrevendo no meio de uma crise forte de tendinite; escrevendo sob efeito de relaxante muscular ao invés de ir dormir, fora as outras merdas que, honestamente, não precisam estar aqui).

Uma vez uma amiga escreveu que o ser humano nasceu com a função de se fazer sofrer. Olha, eu posso concordar com isso completamente. Mas gostaria de complementar que ele, além de ter nascido com a função de se fazer sofrer, também nasceu pra fazer merda. Seja pra se fazer sofrer ou pra fazer os outros sofrerem.

A verdade é que você pode ser uma pessoa madura, controlada, com a cabeça no lugar, como costumam dizer, mas você ainda vai ser um ser humano. O ser humano é falho. O que acontece é que alguns aceitam isso e outros simplesmente não conseguem. Os que não conseguem acabam sofrendo bem mais e, consequentemente, errando mais e, consequentemente, sofrendo mais ainda e, consequentemente, errando mais ainda. Basicamente, sim, uma bola de neve. Ou um ciclo vicioso. Como você preferir chamar.

Isso tá ficando tão sem fundamento que está me deixando irritada. E talvez confessar isso também seja mais uma das merdas que eu estou fazendo nesse momento. O que acontece é que eu estou há dias ANGUSTIADA pra escrever algo e, simplesmente, não conseguia pensar em um assunto. Logo, agarrei esse com unhas e dentes e estou aqui ocupando o tempo de vocês (não vou mandá-los ler algo melhor, desculpem, gosto de ter leitores).

O que eu queria entender é: Se eu sei que todos fazem merda, por que é que eu ainda me incomodo? Se eu sei que as pessoas que se incomodam sofrem mais, porque é que eu ainda me incomodo? E, principalmente: Se. Eu. Sei. Como. Fazer. Certo. Por que. É. Que. Eu. Continuo. Fazendo. Errado. Caramba (falar um palavrão aqui seria um erro imperdoável)?

Ah é. Eu sou um ser humano. Falho, imperfeito, torto e cheio de manias insuportáveis. Como todo ser humano. E talvez o ponto de escrever tudo isso seja justamente tentar me convencer disso. 

Nossa, mas que porcaria de texto.

 

**”Somewhere Only We Know”, do Keane.

Uma observação, porque sou chata assim mesmo: Eu tomei um Dorflex, meus braços estão doendo e eu escrevi muito rápido. Vocês podem ficar bravos se nenhuma frase tiver feito sentido ou se houver erros de gramática. Eu não vou reler isso agora, porque não vai fazer diferença alguma. Desculpem se isso tá muito abaixo das coisas que vocês esperam desse blog. Talvez postar isso seja mais uma das minhas merdas cometidas, mas o que é que eu posso fazer, não é mesmo? Enfim. Desculpem. E comentem, POR FAVOR. Nem que seja pra dizer que estão decepcionados e não voltarão nunca mais.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Linhas Tortas, Lei da Atração e todas essas coisas que acontecem.

 

Certa vez, um bom atrás, uma professora falou que Deus escrevia certo por linhas tortas e eu lembro de ter sido uma das poucas crianças ali a entender o que ela estava dizendo. Aliás, pensando agora, vejo que essa pode ter sido a primeira vez em que fui mal interpretada e considerada arrogante, porque enquanto os meus amiguinhos ficavam perguntando o que raios ela estava dizendo, eu só sorri pra ela e assenti, concordando com aquilo.

Muitos anos passaram e, veja só, hoje eu já nem sei mesmo se existe um Deus (acho que eu era uma criança melhor do que sou uma... Adulta? Enfim, isso não é novidade, todos nós passamos por isso). Mas a verdade é que, seja lá quem for que escreva, de fato escreve certo por linhas tortas.

É bem aquela coisa de você não concordar com um fato na hora que ele acontece e só entender o sentido dele depois, sabe? Também é, acredito eu, aquela de "há males que vêm para o bem" e, sobre esse último, eu não poderia concordar mais. O fato é que tudo que acontece é certo, o que varia é só o tempo que nós demoramos para perceber isso.

Certa vez também, há não tanto tempo assim, minha irmã começou com aquela coisa de Lei da Atração. Confesso, isso me incomoda um pouco até hoje. Foi a primeira vez que eu me vi sendo extremamente cética em relação a alguma coisa, mesmo que tenha demorado bastante tempo para admitir para mim e para o mundo que eu não acreditava em nada daquilo.

Pois bem... E agora estou eu aqui, lembrando dessas duas coisas.  A minha professora me contando que Deus escreve certo por linhas tortas e a minha irmã me dizendo que nós atraímos as coisas para as nossas vidas. Poxa, acho que essas duas coisas nunca fizeram tanto sentido quanto agora...

Eu estou me despedindo. Se antes esse era um blog de uma aspirante a jornalista que depois virou uma aspirante a publicitária, agora esse vai ser um blog de uma aspirante... A ser humano, apenas. Pois é, eu estou dizendo até logo para a vida universitária. Não é um adeus, porque eu ainda tenho sonhos demais para me permitir parar no meio do caminho (além, é claro, de ser absolutamente apaixonada pela Comunicação Social. Não é justo não estudá-la). Mas também não é um até amanhã, ou até daqui um mês ou um semestre.

Não é uma desistência. Pelo contrário, aliás. É a necessidade de parar isso para poder evoluir em algo que, julgo eu, é mais importante agora. Eu preciso aprender a ser adulta. Eu preciso me forçar a isso. Durante a vida toda não fui um exemplo de aluna mas, quando cheguei na faculdade, a coisa mudou. Eu comecei a levar a sério, me dedicar, fui uma aluna excelente no primeiro ano, que caiu de rendimento no segundo e estava um horror no terceiro. E isso não é justo. Nem comigo, nem com a Comunicação, nem com o dinheiro que era investido para eu estar lá todas as noites. Esse não é o tipo de pessoa que eu quero ser. Eu preciso aprender a dar valor.

Eu estava me comprometendo a melhorar nesse semestre e voltar a ser aquela boa aluna de quem até eu mesma me orgulhava. Até que o mundo resolveu dar um jeito de me parar de verdade, colocando um daqueles obstáculos que fogem da nossa alçada tentar passar, sabe? Poxa... De verdade? Mundo, você não podia ter escolhido hora melhor.

É triste, lógico que é. Decepcionante também, eu imagino. Até eu estou decepcionada comigo, então posso imaginar como quem torcia por mim (e vivia dizendo que eu nasci pra isso) também está. E, quanto a isso, eu só posso pedir desculpas e prometer que minha história de amor e ódio com a Comunicação Social não está terminada aqui.

A gente só deu um tempo, sabe? Cada um pra um lado, repensar as atitudes e tal. Além do quê, também quero estudar muitas outras coisas fora dessa área. Fui mordida pelo bichinho do conhecimento e agora estudo nunca parece o suficiente para me saciar. Sempre preciso de mais e mais e mais.

É triste, mas também será bom. Eu vou aprender a virar gente antes de aprender a criar anúncios. E, de verdade? Poucas vezes me senti com tanta vontade de evoluir, de fazer, de acontecer.

Porque se uma vez me disseram que nós atraímos as coisas pras nossas vidas, outra vez também me disseram que querer é poder. Então agora o negócio é juntar esses dois ditados e ver o que o mundo me reserva.

Boa sorte pra mim :)


**Jay Brannan, porque fazia muito tempo que eu não escutava essa voz doce, que me acalma só por existir.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mumford & Sons – Sigh No More (2010) pt I

 

 

“Sigh No More”

- Você sabe onde está se metendo, não sabe?

- Como assim? O que você quer dizer com isso?

- Eu sou meio que uma bagunça. Preciso ter certeza de que... Você sabe disso.

- Hah, até parece que você se esqueceu com quem está falando.

- ...

- Eu sou uma bagunça também, ora. É por isso que a gente se dá bem, sabe.

- ...Bom, você não deixa de ter razão.

- Você é uma bagunça. E é por isso que eu gosto de você.

- Você me deixa livre. E é por isso que eu gosto de você.

 

 

“The Cave”

- Por que você ainda não desistiu de mim?

- O quê?

- Como você ainda tem paciência?!

- Cala a boca.

- Não me manda calar a boca.

- Cala. A. Boca!

- Por quê?!

- Pare de achar que você é a única pessoa no mundo que tem dias ruins. E pare de achar que meu sentimento é superficial a ponto de eu desistir de você só por causa disso. Que coisa.

- ...

- Eu não vou deixar você se colocar pra baixo assim. Então ou você coloca na sua cabeça que você é uma pessoa incrível, ou... Você coloca na sua cabeça que você é uma pessoa incrível.

 

 

“Winter Winds”

Ela tinha aquele olhar bonito, de menina que está apenas de corpo presente. Sua mente flutua, dança.

E ninguém sabia que a dança era sempre em torno da mesma questão.

Ninguém nunca saberia.

Talvez.

 

 

“Roll Away Your Stone”

- Não gosto de me sentir assim.

- Assim como?

- Não sei... Assim.

- ...?

- Desse jeito, meio na escuridão. Você é minha luz, sabe. Aquela coisa de luz no fim do túnel, eu acho.

- É mesmo, é?

- É, eu acho que isso que eu penso sobre luzes no fim de túneis.

- Fico feliz em ser útil.

- Você serve pra muitas outras coisas, na verdade.

- É?

- Com certeza.

- Fico ainda mais feliz, desse modo.

- Eu que fico.

- ...?

- Eu que estou no túnel que você é a luz.

- Então acho que eu fico feliz por você ter estado na escuridão. Não teria procurado a luz, se não tivesse a escuridão.

- Você tem razão.

- É, acho que sim.

- Obrigada por isso.

- Disponha. Eu que agradeço.

 

 

White Blank Pages

 

(Essa é boa demais para tentar alguma coisa, me desculpe. Ficará como uma página em branco.)

 

 

continua. talvez. quem sabe?

**Não ouçam. Tanto ciúmes que nem sei. Mentira, ouçam sim. Mumford And Sons. É.