terça-feira, 30 de novembro de 2010

Chuva e Batatas Fritas

 

Está chovendo lá fora. As batatas estão no fogo, quase prontas. Como já sinto o cheiro delas, percebo que tenho de ser breve. “Kids” do MGMT tocando muito alto, pra conseguir sobressair (mas sem abafar completamente) ao som da chuva.

Eu acabei de sair da última prova do segundo ano de faculdade. Não sei se fui bem e é a matéria que eu mais preciso de nota. Não sei o que estou sentindo e pensando em relação a isso, além da extrema preocupação.

Está muito quente aqui dentro. Não sei bem se por eu estar usando calça jeans e tênis ou se por o ventilador estar desligado ou se pelos dois.

Apesar de ter me tornado mais tolerante, eu ainda não gosto muito de barulho de ventilador. Por isso desliguei. Dois barulhos, o do ventilador e o da chuva, conseguiriam me enlouquecer ainda mais.

Está parando de chover. Toda vez que eu decido escrever com barulho de chuva, digito estupidamente rápido, pra conseguir acabar antes de a chuva cessar.

Dessa vez eu não consegui. Que pena. Qualquer hora eu volto. Só queria colocar algo por aqui.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Capitã da sexta divisão

 

Se existe uma única palavra que me defina agora, essa palavra é nostalgia.

Lembrar daquilo, de tudo aquilo. Dos “bom dia” sonolentos ao chegar e dos mais empolgados algumas horas depois. Dos “É aula de quem agora? Ah não, jura??”. Dos bilhetinhos que rendiam risadas altas (e, né, tiravam toda a discrição da história), alguns escritos em código – às vezes de exército, às vezes naquele de substituir pela letra anterior do alfabeto.

As pizzas e o Habbib’s de sexta, as panquecas com brigadeiro, as festas do pijama e a festa do miojo. Dizer pro professor que estava passando mal e matar o resto da aula no banheiro (crianças, não façam isso).

A união, a cumplicidade, o corredor da sala dos professores e o fósforo branco. As risadas, as risadas e as risadas.

Nostalgia. Lembrar de como nos metíamos em conflitos dignos de pessoas adultas ao mesmo tempo em que algumas bacias de pipoca e um filme qualquer eram o suficiente para nos fazer rir por uma noite inteira. E o filme nem precisava ser de comédia.

Lembrar de como era tudo mais simples, mais engraçado, mais em família. Lembrar de tudo daquele tempo, que nem faz tanto tempo assim.

Nostalgia.

Se existe uma única palavra para definir esses momentos, essa palavra é saudade.

 

Aspirante ouve: Sugarcult, Counting Stars. Curiosamente (ou não) a música que embalou a fase “logo após” todo esse tempo descrito acima.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ponderações

 

“Não valia a pena. Dessa vez, diferente de quase todas as outras, não valia a pena reviver sentimentos desagradáveis simplesmente para tentar colocá-los para fora e analisa-los em perspectiva. Não queria, tampouco precisava disso.

Durante todo o tempo, pensou em tudo o que gostaria de dizer e até mesmo elaborou uma dúzia de boas frases. Considerou, ponderou e optou por esperar mais um tempo, até que a cicatriz se fechasse corretamente e não corresse o risco de se abrir e estragar tudo de novo.

Pois bem, esperou e continuou ponderando. Por fim, percebera que não importava o quanto fosse escrever sobre aquilo, não ia ajudar. Meia dúzia de parágrafos não fariam o que nem o tempo conseguia fazer, isso porque, todos dizem, o tempo costuma resolver tudo.

Não valia a pena. Não valia a pena discorrer sobre um mal momento se correria o risco de deixar de lado o fato de que a véspera de todo o problema fora um dos melhores dias de sua vida.

Viveu um sonho, afinal de contas. Ainda que tenha sido só metade dele, não deixou de ser um sonho. E, de qualquer modo, nunca pensou que uma metade de sonho pudesse ser tão maravilhosa. Superou suas expectativas, que, admitia, eram grandes até demais.

Não valia a pena. Escrever sempre lhe significou dividir, fosse com si mesma, com os outros ou só com o editor de texto. E esse não era um sentimento que quisesse dividir.

Já que era assim, seguiria sua filosofia de evitar a fadiga e pouparia seus leitores de um drama desnecessário. No lugar disso, então, deixaria o tempo continuar tentando fazer o que os parágrafos não conseguiriam.

O tempo resolve tudo, é o que dizem.”

 

Aspirante Ouve: Eminem feat. Rihanna – Love The Way You Lie. E agora alguém me explica por que raios essa música me inspirou a vir finalmente escrever algo.