domingo, 18 de setembro de 2011

Precisar

 

“Ele precisava de uma certeza. Na verdade, não de uma certeza, mas de a certeza. Era uma necessidade tão forte, tão intensa, tão latente, que o impedia de permanecer parado em uma posição por mais do que dez segundos. Pensando bem, ele já tinha a certeza. Agora ele só precisava confiar nela.


Eram tantas lembranças, palavras soltas e verdades sufocadas voando sobre si que se recusava a acreditar que aquilo tudo era apenas uma ilusão de ótica. Se recusava acreditar que aquilo que via era um teto branco, não um céu cheio de ideias.

Ele precisava saber. Na verdade, ele já sabia. Só lhe era difícil assimilar aquele dilúvio de informações. E, mesmo tendo a consciência de que já sabia, continuava sentindo a necessidade de saber. Pensando bem, já não sabia direito o que estava tanto querendo saber. Mas, ainda sim, precisava.

Confuso, complicado, esquisito. Se encontrava num ciclo vicioso entre dúvida e certeza, que chegava a sentir tontura. Era como um labirinto: Difícil de chegar até o centro, mais difícil ainda de se orientar de volta para sair. Era como um poço, um túnel, ou qualquer outro lugar assustadoramente escuro e sufocante para alguém tão claustrofóbico como ele.

Ele precisava sentir. Que aquilo era real. Ou que estava na hora de dar o próximo passo. Ou só que aquele cobertor fino era o suficiente para lhe manter aquecido naquele noite fria. Precisava sentir. Alguma coisa, qualquer coisa. E ainda não sabia ao certo o quê.

A música que tocava baixo nos seus fones de ouvido o fazia, vez ou outra, fechar os olhos e suspirar pesado. Rolar na cama, respirar, colocar o travesseiro por cima da cabeça. Qualquer coisa que fizesse com que seus batimentos cardíacos se aquietassem de uma vez por todas.

 

Precisava saber, sentir, tocar, dizer. Querer, poder.
Alguma coisa.
Qualquer coisa.

Ele precisava dormir.
Ele definitivamente precisava dormir.”

 

**Jem, “Flying High”. Da série: Textos escritos em vinte minutos que eu não faço ideia se ficaram bons ou ruins e preciso de opiniões.

2 comentários:

  1. Você, como sempre, consegue fazer-nos ler, saborear as sensações do protagonista. Gostei!

    ResponderExcluir
  2. Ie, dessa vez vou ser exigente e sincera sem anestesia: quero um livro!!

    Adoro você escrevendo e parece que posso ler esse trecho inserido lá pela página 40 e tantas (ou será 50 e tanto?). E será um desses livros em que a gente não consegue escolher apenas um personagem para si porque, o bem da verdade, a gente se reconhece um pouco em cada um deles. Escreve...please?!

    ResponderExcluir