quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Matemática

 

Sorrir é aquela coisa que a gente faz quando está feliz.
Sorrir é aquele movimento de lábios, misturado com bochechas mais salientes e olhos talvez um pouco mais brilhantes.
Sorrir também pode ser a máscara da dor, da tristeza ou da mais pura irritação.
Sorrir nem sempre é um ato sincero ou automático.
Às vezes é forçado, doído, machuca.
Mas nem sempre.
Sorrir pode ser espontâneo, de verdade, por inteiro. Como se o corpo todo sorrisse junto com os seus lábios.

Um sorriso pode salvar o seu dia.
Especialmente se ele despertar o sorriso de outra pessoa junto.

Aqui entre nós, uma coisa que me faz sorrir é fechar a tampa do meu computador vermelho (eu batizei-o de Slash, mas o nome infelizmente não pegou) após redigir e publicar um texto. Se eu o tiver considerado um bom texto, então! O sorriso dura até que eu adormeça e volta logo no despertar, quando eu me lembro o que me fez sorrir antes de pegar no sono.

Escrever nem sempre me faz sorrir, porém. Talvez seja o perfeccionismo, a tensão ou o simples fato de eu estar concentrada demais para fazer algo além de bater meus dedos contra as teclas.
Escrever me traz alívio, mas eu ainda reluto um pouco quanto a dizer que é minha  essência. Talvez seja orgulhosa demais para dar o braço a torcer e admitir que todos estão certos quanto a esse aspecto sobre mim (você também se irritaria mediante o fato de outras pessoas saberem mais sobre você do que você mesmo). Ou talvez eu só ache que tenho mais a oferecer do que essas linhas meio vagas.

Mas isso de achar que eu tenho algo melhor a oferecer também pode só ser uma pitada (ou uma colher de chá) de prepotência de minha parte.

O fato é que, usando matemática básica e aplicando a regra de três: se deixar de escrever está para se desesperar, o x da equação está para sorrir. Sendo a regra de três a única coisa em matemática que eu consigo fazer sem entrar em pânico ou precisar de uma calculadora, consegui resolver a operação antes mesmo de terminar de redigir este parágrafo (com palavras ao invés de números tudo fica tão, tão mais fácil...).

Deixar de escrever está para se desesperar assim como escrever está para sorrir.
Oh. Talvez isso explique muita coisa...  

Escrever é bom, no fim das contas.
Sorrir é ótimo.
Talvez, então, eu só precise fazer ambos com mais frequência.

 

** Lenny Kravitz, “I’ll be Waiting”. Da série: Como se inspirar absolutamente DO NADA durante um bloqueio de semanas escutando uma música que nada tem a ver com o tema do texto.

 

4 comentários:

  1. Tinha em mim a certeza que após uma gestação que chegou a me trazer ansiedade, seria brindado com um fruto fantástico. O melhor de tudo minha Querida? Inconcientemente ao se expôr revela-nos a maravilha de sua Essência.

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  2. ADOREI!!! Gosto de palavras e gosto de matemática (números,equações e todos seus companheiros). Sua combinação perfeita aqui não apenas me faz sorrir mas me deixa agradecida por existir alguém como você que escreve com coração.

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  3. Eu não tenho paciência para ler textos que não estejam em um livro, de verdade. Apesar de tudo, sou meio antiquada com essas coisas. Mas esse eu consegui ler, o que já é algo.

    Como toda escritora (ou aspirante a escritora, que seja), sei como nem sempre as coisas surgem com facilidade e fluidez. As vezes parece que o texto está vindo pronto, mas então chega um determinado ponto onde a pessoa não consegue escrever mais nada. E isso é frustrante. Por outro lado, o prazer que a pessoa sente ao conseguir concluir algo e ficar satisfeita com o produto final compensa qualquer frustração inicial. Na minha opinião, a única coisa melhor do que conseguir terminar um texto é ter a satisfação de receber elogios e críticas (positivas ou negativas) sobre ele, porque esse é o objetivo de qualquer escritor.

    Seu texto é simples, mas não impede que a pessoa sinta exatamente o que você está dizendo, o que faz uma enorme diferença. Isso que torna o seu texto mais rico e gostoso de ler.

    Parabéns, Ie <3

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  4. Uau, mais um texto que vem do fundo da alma de uma inspiradora "ainda aspirante???" (ta loka né, deixou faz tempo de ser aspirante) para dentro de nossas mentes!!!

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