segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Chaves.

 

“Era engraçado (e talvez um pouco irônico) toda a enrolação para contar sobre o começo se findar exatamente no momento em que se via incapacitada de continuar.

Mesmo que fossem alguns poucos dias, no máximo uma semana, não deixava de ser desagradável e de trazer à tona aquela meia dúzia de devaneios que de mais nada serviam além de coloca-la para baixo.

Era a sensação de se sentir presa. Não por algemas ou por uma bola de metal presa em seu tornozelo – para esses, uma simples chave era a solução. Privada de seguir, como se o Universo materializasse um grande semáforo em sua frente e a luz vermelha irritasse seus olhos e seus ouvidos, gritando para que ela se colocasse de volta ao seu lugar, parasse de querer ultrapassar os limites impostos por quem quer que tivesse inventado essa tal de vida.

A vontade era de calçar o seu par de tênis azuis (os vermelhos eram apenas para os dias de bom humor) e dar um grande chute naquele mastro de metal que sustentava o semáforo gigante. Era fazer barulho, era desafiar e talvez, até mesmo, mostrar a língua e dissertar meia dúzia de impropérios para “o desocupado que colocou esse negócio no meu caminho”. Queria continuar andando, ora essa, onde já se viu?

Uma pessoa querida lhe disse uma vez que não importava onde o seu corpo estivesse parado, mas sim até onde seu pensamento poderia ir. Então o jeito era continuar tentando se convencer a acreditar naquilo.”

 

**The Honorary Title, o álbum “Anything Else But The Truth”. Título que, por sinal, casa muito bem com tudo isso aí. Ouçam Honorary Title, caramba.

Um comentário:

  1. Onde nossa mente alcança, jamais alguem ou algo chegará a não ser com a Mente, aí só quem tem olhos para Ver e ouvidos para Ouvir...

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