“Era, definitivamente, daquele tipo de pessoa que passa desapercebida dentre uma multidão. Mas que, para um olhar em especial, chamava atenção mais do que qualquer outra pessoa ali.
Não é que as estúpidas normas de estética impostas pela sociedade serviam pra alguma coisa, afinal? Elas tornavam-o… Exclusivo. Não era disputado, estava quase sempre sozinho, nunca dentro de grandes rodas de conversa.
Quando percebia que estava sendo observado, retribuía o olhar com uma expressão que dizia por si só. Se sentia estranho por ser observado daquela maneira. E talvez experiências anteriores tenham-lhe ensinado a não acreditar quando alguém olhasse-o assim.
Olhava rápido e desviava, num misto de “Não estou me importando.” com “Estou me importando até demais, saia daqui.”. Engraçado era o quanto toda essa timidez tornava-o ainda mais atraente, mais interessante. Efeito reverso à intenção, talvez. Talvez não.
Parecia doce. Daqueles que derretem todos que tenham contato com seu riso sincero. E também deveria ser dos que não contam uma piada na frente de qualquer um. Talvez tímido ao falar em público. Talvez admirador de livros, talvez não. Amante da música, isso com certeza.
Se as normas da sociedade tornavam-o exclusivo, o seu comportamento e tudo o que demonstrava com o seu jeito de se vestir tornavam-o especial, intrigante e… Único. Quer dizer, não era como se mais ninguém ali usasse aquele tipo de sapatos ou de camisa, mas nele, especialmente nele, tudo aquilo parecia se encaixar. Caia bem, combinava.
Parecia bom demais para ser real, a ponto de despertar certo medo. É, medo. De ser conhecido de verdade e mostrar que não era nada daquilo que pensavam. Ou melhor, que “aquele olhar em especial” pensava.
Era assustador o quanto podia-se pensar sobre ele.
Antes mesmo de saber o seu nome…”
**The Smashing Pumpkins, “Tonight, Tonight”. Essa eu não vou indicar, não. Dessa eu tenho ciúme.